"Certa vez, no orfanato, conheci um menino. Ele visitava o lugar algumas vezes. Era o único que me entendia e prometeu que me tiraria dali. E cumpriu a promessa." - Cate deliciava-se com as palavras - "Devo confessar algo: cada um que morreu hoje teve um motivo."
Foi a minha vez de falar, na verdade, minha e de Danilo. Alternávamos a vez:
"John Petterson. Acusado de abusar da sobrinha, mas foi absolvido da acusação por falta de provas." - apontei para o gordo no chão.
"Joana Turker. Vendia drogas. Os usuários que não pagavam, ela mesma matava" - Danilo apontou para a loira com vestido vermelho, no chão.
"Tonsom Pets. Cafetão. As mulheres eram praticamente escravas. As que tentavam fugir, eram cruelmente mortas." - apontei para o gordo com terno vermelho e cabelo grisalho.
E continuamos as descrições, até a lista acabar.
"Então vocês são uma espécies de justiceiros?" - indagou Amanda.
"Não" - respondi, com um sorriso maléfico - "Somos assassinos. Apenas temos critérios para matar."
Cate voltou a falar:
"Aquela noite, você me tirou o que eu tinha de mais precioso. Minha mãe. Soube que ela morreu, espancada, na prisão. Sabe, o seu motivo de morte é forte" - Cate encostou a faca na garganta de Amanda. - "Cresci observando você. Policial exemplar, coloca o dever acima de tudo. Engraçado o que o profissionalismo faz, não é? Se não fosse tão profissional aquela noite, talvez.... não interessa. " - Cate apertava a faca mais forte, sem cortar a garganta de Amanda.
Até que, olhou nos olhos da policial e abaixou a arma.
"Aquele dia, você estava fazendo seu trabalho, justa e honesta. Não é culpada do que aconteceu depois. Fique tranqüila. Você não encaixa no perfil de minhas vítimas. Matar você seria ferir meus princípios." - sorriu para a policial e saiu. Danilo havia aberto uma das passagens, e nós três saímos. Por incrível que pareça, ninguém nos perseguiu.
"Escolha sábia" - Danilo disse - "Uma verdadeira assassina, seguindo princípios verdadeiros. A vingança não faz parte de nossa lei. Isso que é profissionalismo"
"Não pense isso. Eu a matei. Amanda é uma policial que trabalha para o bem dos outros. Sabendo o que ela fez comigo... logo você vai entender"
Sorri para ela, sabia que essa seria sua escolha, mesmo que eu não concordasse. Nós três entramos no carro de Danilo e, antes de partir, ouvimos um disparo. A expressão de Cate parecia condená-la: estava feliz, mas a vingança a incomodava.
"Você fez essa escolha, Caterine. Terá que viver com o peso da conseqüencia o resto da vida. Não é a mesma coisa, não é? Matar um inocente não está nos nossos princípios. A vingança não faz parte de nossa lei. Somos assassinos, esse é o nosso trabalho. Essa é a nossa vida."
Apesar do suicídio, tenho certeza de que Amanda seria acolhida aos céus.