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9.22.2010

Histórias de Roberta - O sonho



Roberta bocejava em frente ao computador. Claro, já eram duas da manhã! Ficara jogando a noite toda, conversando com os amigos pela internet. Espreguiçou, desligou o computador e foi para a cama. Deitou a cabeça no travesseiro e ficou pensando por alguns segundos. Esticou o braço, desligou a luz do abajur e fechou os olhos. Estava cansada. Como um jogo pode cansar tanto uma pessoa?
Não demorou muito e Roberta acordou. Estava em meio de uma névoa, uma neblina, não sabia explicar, só sabia que não conseguia ver quase nada. Estava frio e, com muito esforço, ela viu um vulto na frente. Não conseguiu identificar o que era, mas decidiu ir em direção àquilo. Aos poucos, o borrão cinza começou a tomar forma, a qual ela conseguiu identificar como uma estátua: um gárgula. Por que uma estátua estaria no meio do nada? Nada foi o termo que ela conseguiu identificar aquele lugar. Ela estava no nada.
Fitou a estátua por alguns segundos: o gárgula estava agachado, com uma das mãos no queixo, a outra no chão, e suas asas o encobriam. Roberta chegou mais perto...
AH!!... Roberta gritou quando as asas do gárgula se abriram. Aquela estatua começou a ganhar vida e, aos poucos, o corpo feito de pedra foi se transformando em carne, ossos e o que mais que um gárgula tem. Ele a observou por um momento, chegou perto dela, seus rostos estavam bem próximos. Aqueles olhos vermelhos, com pupila de gato, olhavam para os dela. Ela, com a expressão indignada, quebra o clima:
"Que susto você me deu! É para isso que você fica aí, sentado? Para ficar assustando todo mundo que passa?"
"Insolente! Sabe quem eu sou para falar dessa maneira?"
"Quem você é, eu não sei. Mas você é uma 'coisa' que está se mexendo e me assustou. Audácia!"
"Me chamou de 'coisa'. Audácia sua! Garota atrevida."
Roberta viu, pela expressão do gárgula, que o havia ofendido.
"Qual é seu nome?"
"Gregory é meu nome. E você deve ser Roberta."
"Sou sim. Olha, por acaso você sabe que lugar é esse?"
"É o lugar onde eu assusto criancinhas  iguais a você" - Gregory disse, soltando uma risada debochada.
"Você está fazendo hora com a minha cara?"
"Eu?! Não, claro que não. Isso eu já fiz. Hahahaha" - Roberta estava ficando irritada e Gregory estava se divertindo. - "Hahaha, faz tempo que não me divirto com um trouxa."
"Quem é trouxa?! Espera um pouco... quanto tempo está aqui, sem ninguém?"
"Dez anos. "
"Não é à toa que é tão chato! O que você faz aqui, ficando sentado todo esse tempo?"
"Eu guardo o castelo escondido de Thorpe!" - Disse Gregory, com extrema importância.
"Sério?" - Roberta mudara de expressão, estava ansiosa para ver o castelo - "E onde é que fica?"
"O quê?"
"Como o quê? O castelo!"
"Não sei!"
Roberta parou, ficou nervosa de novo.
"Olha, não vem fazer hora com a minha cara de novo! Se não quiser me falar, não precisa me fazer de trouxa." - ela cruzou as mãos e virou o rosto de lado.
"Fazendo-te de trouxa? Não acreditas em mim?"
"Claro que acredito!" - ela ironizou - "Você está aqui há dez anos protegendo um castelo, e não sabe onde ele está?"
"Não." - ele falou com a maior simplicidade do mundo.
"Como assim?" - ela estava realmente irritada.
"Não falei que ele estava escondido?"
"E você não sabe onde ele está escondido?"
"Se soubesse, não estaria escondido"
"Está bom. Chega dessa pergunta. Por que você está de guarda?"
"Thorpe me mandou."
"Só isso?"
"Você é muito curiosa e está ficando chata. Vou contar tudo de uma vez. Eu estava brincando com Thorpe. Fizemos uma aposta: ele esconderia seu castelo, se eu achasse, poderia morar nele, se não..."
"Se não...?"
"Ele não havia me dito, mas aceitei a aposta. Enfim, não consegui achar e ele me disse o que aconteceria se eu perdesse. E aqui estou eu!"
Roberta, perplexa com a história, olhava para Gregory. Ele ficou incomodado por ela não falar nada e...
"Não vai falar nada?"
"Você..." - ela segurava uma risada - "... é um trouxa! Está protegendo um castelo que nem você sabe onde está por causa de uma aposta. Hahahaha..."
Gregory a olhou, irritado, e esbravejou:
"Como ousa me chamar de trouxa. Eu sou um gárgula de palavra!"
"É... trouxa!"
Gregory abriu as asas ao máximo, soltou um grito ensurdecedor, e fechou as asas. Toda a névoa envolveu Roberta e ela não conseguia mais ver Gregory. 
Tudo estava branco. Até que começou a aparecer uma imagem à sua frente. Piscou os olhos e viu o teto de seu quarto. O sol já estava no céu e iluminava todo o quarto. Passou a mão pelos cabelos longos, se levantou e pensou: "Acho que vou começar a dormir mais cedo..."

Douglas Mateus

10 comentários:

  1. Uma pitada de comédia, porém esperava mais...

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  2. Massa!
    Adorei a história, está muito legal... Gostei da parte em que ela chama Gregory de trouxa por protejer um castelo que nem ver. Como que faz isso, acho que ele tava lá só para passar o tempo... Ou ele estava mesmo protejendo o castelo.

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  3. Muito legal cara! Apesar da história ser simples, o que curto são os detalhes sutis, que dão a diferença! Aliás, você é bom nisso.
    Dá uma chegada no meu quando puder.

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  4. Gostei desse e dos outros posts , historia boa , ainda mais com esses seres imaginários tão fascinantes como os gargulas. Parabéns

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  5. Bastante legal.
    A história ficou muito interessante!

    :)

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  6. sera que dormi cedo...resolve???....

    muito boa a storia...

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  7. Isso que da ficar acordado até mais tarde. O suspense é legal e gostei do lado irônico que tem.
    Abraço

    www.costabbade.blogspot.com

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  8. Adorei seu modo sensivel e detalhado de escrever. adoro quando envolve diálogos no texto. E a pergunta fica no ar ''será que dormir cedo resolve? '' rs

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  9. Bem detalhado.... Gostei da forma como a história se conduz, principalmente mais ao final..
    Bem interessante

    ;D

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