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6.22.2010

Sorte no jogo?


Estavam na sala. Todos os jogadores, formando um círculo. A garrafa no meio. Acho que já conhecem a brincadeira, não? Há muito tempo queria essa oportunidade. Alinhei-me com ela na mesmo hora. "Só um beijo, só um, para começar tudo". Rodava-se as dose de bebida pelos participantes. Cada um, um gole. Mesmo não querendo embebedar, bebi. Todos falavam ao mesmo tempo, coisas do tipo "agora vamos descobrir a verdade de cada um", "à quem você pretende perguntar". Pareciam adolescentes. Só havia um motivo para eu estar ali, e era realizar meu desejo.

O jogo começou. A garrafa foi rodada. Não foi minha vez. "Verdade ou conseqüência?", "Verdade", foi respondido. E o jogo continuou. Próxima rodada. E a próxima. "Verdade ou conseqüência?", foi respondido conseqüência. Ouviu-se várias vozes murmurando. Uma garota teve que beijar outro garoto. Isso era o de menos. Mas porque não caía em mim? E o jogo continuava, rodadas e rodadas. Parecia que a garrafa era repelida quando me mirava. E eu desejando parar em mim, só uma vez. Só precisava de uma....

Enfim, já era tarde e o jogo acabou. Fiquei decepcionado por não ter tido tal oportunidade. Ajudei a arrumar as coisas. Não bem arrumar, mas colocar as bagunças em ordem. Ela veio me ajudar. Para quê? O jogo havia terminado. Mas tudo bem.

Os outros haviam deixado a sala, estávamos sós. Ela havia percebido: "Não caiu uma vez em você, hein?". "É", respondi, "quem sabe na próxima?". Ouvi um riso dela. Não sei por que, mas me deixou um pouco nervoso. Então ela disse: "Não te dei nenhum beijinho...". Não sei o que me deu, mas na hora eu falei: "E você precisa de jogo para isso?".
"O que quer dizer com isso?", "Quer que eu explique?".

Aproximei-me dela rapidamente, rosto com rosto. Meus lábios quase encostando nos dela. Parei por um momento. Queria ver a reação dela. Para minha surpresa, ela não havia 'saído'. Então, dei-lhe um beijo forte, um beijo que eu queria dar há muito tempo. Passava a mão em seus cabelos. Nossos rostos viravam e os lábios não paravam. Até que ouvimos passos se aproximando. Paramos. "Abre o olho gata, você só não me teve ainda porque não quis". Dei-lhe um sorriso maldoso, acabei com uma dose de whisky ainda no copo em um só gole e saí da sala. Mas na verdade, era eu que deveria ter aberto os olhos. Mas não importa, ter realizado meu desejo já foi o suficiente para aquela noite.


Douglas Mateus

6.14.2010

Amantes


Há quanto tempo não se viam? Só o tempo pode responder. Mas nem mesmo ele foi capaz de mudar o amor que um sentia pelo outro. O momento de encontro foi fantástico. Beijos e abraços. Mais beijos. Mais abraços. Até chegarem em casa. A bagagem foi deixada em um canto. Deixada? Melhor dizendo, jogada. A porta foi trancada.

E ele a pegou em seus braços, dando aquele beijo tão esperado. Apertou-a num forte abraço. Seu lábios se expremiam com os delas, pelo amor e saudade que sentia. Sua mão passeava em suas costas, enquanto a outra segurava sua nuca. Seus beijos molhados e intensos. Seus rostos viravam em uma freqüência assustadora. Ele desceu ao pescoço. Beijava intensamente o pescoço da moça, enquanto ela já entrava em delírio. As mãos passavam por todo o corpo. Sua respiração mudara, estava intensa. Andaram como podiam, sem parar as carícias, para o quarto. Até chegar à beirada da cama, e literalmente caíram sobre a cama.

As pernas, já entrançadas. Os beijos continuavam. Seus rostos se contraíam a cada carícia. Começou a mordiscar a orelha da parceira. A língua não ficava de fora. A respiração intensa. Eles entravam em delírio. Viraram e ela ficou por cima. Beijava sua boca, seu pescoço e desceu para o peito. Não tinha paciência, e nem queria ter, de desabotoar a camisa dele. Foi só uma puxada. Ouviu-se botões caindo pela cama. Ouviu-se? Não, nada se ouvia a não ser os dois. Beijava o peito dele, sua mão corria-lhe o corpo intensamente. Ele se inclinou para frente e tirou a camisa, ou o que sobrou dela. Ela, na vertical, sentada nele, estendeu os braços para cima. Ele rapidamente tirou-lhe a camisa e começou a beijá-la. Desceu para os seios. Suas carícias eram fortes, como se fossem explodir. Voltou a beijar a boca, enquanto desabotoava a calça dela. Ela fazia o mesmo com ele. Nenhum dos dois tirou a calça com as mãos. Suas mãos estavam ocupadas com o corpo do outro. Com movimentos com as pernas, as calças saíram.

O casal já estava fervendo. Não via a hora da união. As peças íntimas foram tiradas a força. Isso só apimentou os dois. Completamente nus, eles se beijavam numa freqüência absurda. Boca, pescoço, orelhas, peito, abdomem. As mãos não paravam. Houve a união. Seus rostos se contraíram, o prazer era divino. Os gemidos exprimiam o que sentiam. Se movimentavam ao som do prazer. Todo esse tempo sem ver um ao outro, era recompensado agora. Giraram na cama, ela ficara por cima. Agora sentada, mexia seu quadril para cima e para baixo. Sua cabeça inclinada para trás. Seus olhos fechados, sentindo seu parceiro por dentro. Ele fazia o mesmo. Passava as mão no corpo dela. Gemiam e gemiam, numa altura que os vizinhos conseguiam ouvir. Será que conseguiam ou eu estou exagerando? Não interessa, era tão forte e sincero que pareciam absurdamente altos.
Deitaram novamente, ela ficou de costas para ele. Ele, com seus braços fortes, abraçou-a, ao mesmo tempo que penetrava seu paraíso afrodisíaco. Ela colocou as mãos sobre a cabeça dele. Virou o rosto e se beijaram. Beijaram por muito tempo naquela posição. Não queriam somente o prazer da penetração. Queriam o prazer do amor, da união dos corpos. Voltaram para o famoso papai e mamãe. Ele por cima, acariciava todo o corpo dela. Ela passava as mãos por suas costas, descia até a bunda (sim, bunda. Não falarei nádegas porque bunda é o mais apropriado aqui). Apertava. Voltava com as mãos nas costas dele. Estavam chegando. E chegando juntos.

Os movimentos dele aceleraram. A respiração dos dois estava mais intensa. Gemiam, exprimiam o prazer que sentiam na fala e no rosto. Ela apertava as costas dele com as mãos. Suas unhas pareciam perfurar a carne do parceiro. Mas isso só aumentava o prazer dos dois. Pararam as carícias por todo o corpo e ficaram com os corpos juntos. As maldades que um falava no ouvido do outro era extremamente excitante. Até que os dois chegaram. Seus rostos se contraíram na expressão do prazer máximo, a explosão veio para levar os dois às alturas. Se beijaram mais um pouco. Um de lado para o outro agora, abraçados. Fecharam os olhos. A tensão agora, esvaída. Uma tranquilidade que era estranho para a intensidade do momento agora há pouco. Estavam juntos novamente.


Douglas Mateus

6.08.2010

Sentimentos


Escrevo sobre amor. Algo como um romance, daqueles bem melados, do tipo:

“... seus olhos se encontravam com os dela. Não diziam uma palavra, mas a conversa de desenrolava através dos seus sentimentos. Sua respiração se tornara ofegante. Seus olhos agora miravam os lábios daquela mulher. Dois rios de carne vermelha sedenta, pronta para um redemoinho, ou melhor, para uma tempestade. Aqueles lábios atraentes. Seus rostos se aproximavam. Consegue sentir a respiração dela. Suas cabeças se inclinam para o beijo tão esperado e...”

Meu peito dói. Não consigo acabar de escrever. Sinto uma dor profunda, que nem eu mesmo sei explicar. Nunca me dei bem no amor. Mentira, nunca senti o amor. Lembro-me de gostar de algumas moças, mas amor eu nunca senti. E pensar que nunca experimentei o amor, isso me dói. Me dói tanto que meus olhos enchem d’água. Tento pensar em outra coisa. Talvez no trabalho. Ah sim, o trabalho: Aquele lugar cheio de traições. Já vi amigos meus caindo por causa de veneno de outras pessoas, se é que me entendem. Lembro-me de uma amiga minha chorando depois de uma reunião com o chefe. Sinto uma dor profunda no peito. Não sei o porquê, mas ver meus amigos tristes é uma coisa que realmente me chateia.

Tentei me lembrar de um momento feliz. Fiquei pensando. Felicidade... o que é a felicidade? Faz tanto tempo que não a sinto que esqueci como descrevê-la. Mas a tristeza, essa eu sei descrever. Por quê? Não me lembro de um momento em que fiquei feliz. Sim, feliz. No sentido mais forte da palavra. Alegre, algumas vezes, mas alegria é algo passageiro. Felicidade eu não me lembro de ter tido.

Mas a tristeza... quantos momentos tristes eu já vivi. Lembro-me bem de cada um. Mas por quê? Só consigo ver tristeza em minha memória. A felicidade foi esquecida, perdida. Ou talvez nunca habitou minhas lembranças. Vivo num mundo frio, sem emoção.

Ou será que eu sou frio? Será que eu não tenho emoção? Sim, é isso. Minhas emoções são sempre as mesmas. Não, eu não tenho mais emoções. Eu sofro de ausência delas. Eu sofro da ausência delas. Eu apenas sofro. É isso que vem acontecendo, sofrer. Será que é esse o meu destino? Sofrer? Em todos os setores da minha vida. Sofrer no amor, sofrer no trabalho, sofrer por sofrer.


Se for assim, aguardo esperançoso pela minha morte. Assim não sofrerei mais. Será?
Não, eu temo a morte. Temo sofrer para morrer. E, além disso, temo do que acontecerá comigo depois da morte. Os castigos pelo que fiz na Terra, e que conscientemente continuo fazendo, mesmo sabendo as conseqüências. Não são castigos criminosos, não. São pequenos detalhes, coisas erradas e ruins que fiz. Mas são os detalhes que desmoronam tudo. Então sofrerei pelos meus pecados, por muito tempo.
É esse o destino da minha pobre alma? Sofrer?

Sofrer na Terra, durante a vida, e sofre por toda a eternidade, após a morte?

Então não tenho mais esperança.
Mas quem não a tem, é um sofredor.
E é isso que eu sou.


Douglas Mateus