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11.25.2012

Do lado de fora - Parte II




Havia dormido bem. É claro, depois da maravilhosa noite que teve. Abriu os olhos, que rapidamente se acostumaram com a tímida claridade do lugar. Apenas uma vela iluminava o quarto, quase toda queimada. Olhou de um lado para o outro, em procura de alguém. Achou estranho, estava sozinho. O que poderia ter acontecido?
Levanta da cama, caminha pelo quarto, desviando dos filmes espalhados pelo chão. Sobre a mesa de cabeceira, um livro começa a ser folheado pelo vento. Agora se deu conta de que a janela estava aberta. Fitou a cortina balançando por um momento. Então era isso, fora deixado para trás. O porquê, não fazia ideia. 
Andou em direção ao guarda-roupa e parou em frente ao espelho. "Não, eu não vou ficar aqui sozinho". Se vestiu com uma boa roupa e escolheu um bom agasalho. Olhou mais uma vez para o quarto, um olhar entristecido. Pulou a janela.
Não enxergava nada, não havia nada para enxergar. Apenas caminhava para frente, se é que havia alguma direção. A única coisa que podia ver era o quarto pela janela, mal iluminado, ficando cada vez mais distante.
Fora deixado para trás, queria saber o motivo. Diversos pensamentos turbilhonavam em sua mente, enquanto andava pelo nada. E a cada passo caminhava para a escuridão...


11.11.2012

Do lado de fora




Já é noite e a escuridão começa a invadir meu quarto. Acendo uma vela, que custa a ficar acesa no quarto gélido, iluminando timidamente as paredes e o guarda-roupa. Na cama, há alguém... ainda está lá... imóvel, dormindo. Deixo sair um breve sorriso, lembrando de como foi bom o que fizemos. Volto minha atenção à janela. Os vidros embaçados me proíbem de enxergar além. Limpo um pedaço do vidro com uma das mãos e vejo meu reflexo. Não há nada lá fora além de breu.
Devo me concentrar no lado de dentro, no que tenho aqui. Livros descansam sobre a mesa de cabeceira, uma, duas, mais de três vezes lidos. Filmes espalhados pelo chão, outrora assistidos incansavelmente. Olho novamente para a cama, e continua lá, dormindo. Sento a seu lado, acaricio-lhe o rosto, e algo me chama a atenção na janela. Um vulto...
Aproximo-me lentamente, tentando enxergar algo, mas não há nada para ser visto. Como ver um vulto em um breu? Imaginação minha! Mas fico inquieto. A dúvida toma conta de mim. Ando de um lado para o outro, desviando dos filmes que se encontram jogados no chão. Não estou afim de pegá-los, deixo para uma outra hora.
Paro em frente ao guarda roupa, uma porta com espelho, e olho para mim. Não, eu não quero ficar. Abro a porta, escolho uma roupa capaz de me proteger do frio. Olho mais uma vez para a cama, uma respiração profunda. Abro a janela e pulo para o lado de fora. Não há nada aqui, além de escuridão. Olho para trás e vejo, pela janela, meu quarto timidamente iluminado, ficando cada vez mais distante. Sim,  eu escolhi isso. Abandonando tudo que tinha, rumo ao desconhecido...