Ora, ora... mais uma vez eu estou aqui. Esse bar sujo, cheio de pessoas mal encaradas e o pior de tudo, fede. E como! Mas, sem saber o porquê, gosto desse lugar. Sinto como se eu pertencesse a esse ambiente, escuro e maligno. Gosto de sentar em um canto do bar, onde há apenas duas cadeiras e o local é muito mal iluminado. Sento em uma e apóio os pés na outra, enquanto aprecio minha dose de tekila nesse copo sujo com pedras irregulares de gelo.
Encontramos de tudo nesse lugar: bandidos, cornos, infelizes, ricos... bom, de tudo não, mas uma certa espécie de variedade. Mas todos acabam do mesmo jeito (exceto os ricos, que entram nesse bar para procurar alguém que lhes faça um serviço sujo): bêbados. Os bandidos mais espertos se mantêm sóbrios, duvido que seja por escolha. Já devem ser restistentes ao álcool.
E eu também fico sóbrio. Venho aqui tomar minha tekila enquanto observo as pessoas. E posso dizer uma coisa: nunca vi o barman de um jeito diferente. Sempre com a mesma roupa, a mesma expressão e a mesma voz de durão, uma figura poderosa. Dizem que, quando tentaram assaltar o bar, ele simplesmente conversou com os assaltantes, nada mais. E eles saíram correndo, como se estivessem visto o próprio demônio.
Sempre há um grupinho de bandidos bêbados zoando com a cara dos que entram no bar. Esses vivem bêbados, nem eu me atrevo a dizer a época que não falavam embolado. Na bancada, tentando conversar com o barman, sempre ficam os desiludidos com o amor, os cornos que mencionei. Bebem sem parar, choram sem parar, e, ou acabam apanhando, ou acabam dando o rabo pra um bandido qualquer. Cada um com sua escolha.
Se alguém entra de terno, todo arrumadinho, todos já sabem: lá vem serviço. Um assalto aqui, um homicídio ali, mas o pagamento é feito no momento do "contrato". Qual a garantia de que serviço será feito? Em papel, nenhuma. Mas, aqui, os bandidos mantêm a palavra. Se disseram que farão, então farão. Se um riquinho discute e fala que pagará metade do serviço no começo e a outra metade quando o serviço estivesse pronto, todos já sabem que ele é novo nos negócios. A primeira pergunta é: quem indicou esse lugar a você? Apesar de ele relutar em responder, acaba entregando todas as respostas. Novatos riquinhos, inocentes e patéticos.
E é dessa forma que o bar vive, com esses tipos de pessoas, com esse tipo de clima, com ar convidativo e violento. É daqui que saem as mais diversas histórias, e uma delas contarei a vocês. Uma história de um garotinho que queria ajudar sua irmã, e para isso precisava da ajuda do pessoal mais criminoso desse bar.
Mas não lhes contarei agora. Terminarei minha dose de tekila primeiro.