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12.28.2012

Do lado de fora - Parte III




Caminhava, só isso que fazia. A tímida luz da janela do quarto tinha se esvaído na escuridão. Para qualquer lado que olhasse, não via nada, não tinha noção de direção. Seguia sempre reto, pelo menos tinha certeza de que se afastava de sua origem.
Há quanto tempo caminhava, não sabia dizer. Minutos, horas, dias, quem sabe? Aquela escuridão não parecia ter fim. Estava sozinho e estava no frio. Sentiu uma ponta de arrependimento de ter largado o que tinha. Nesse momento viu, não muito distante, se é que se definia distância nesse espaço, um rosto. Parecia uma projeção espectral, pois somente o rosto estava visível, e seu tamanho era imenso. Os olhos, sombreados, o vigiava, ou o condenava, não sabia dizer.
Caminhou em direção àquele rosto (ora diabos, só fazia caminhar!) até ficar perto da projeção. Não havia muito do que se falar sobre aquele rosto: tinha cabelos longos, lisos e pretos, os olhos sombreados, um nariz perfeito para um espectro e os lábios extremamente vermelhos.
_Quem é você?
_Pergunta típica de qualquer um que me vê pela primeira vez. - o rosto agora sorria ironicamente - Sou todos e sou um só. Eu sou você, assim como qualquer um. Alora, é meu nome.
_Uma xarada ou só uma resposta complexa? Que tal eu perguntar... o que é você?
_Terá que descobrir, assim como saiu rumo ao desconhecido. Não é a curiosidade que apetece teu espírito? Mas cuidado... procurar muitas respostas demanda tempo, e não creio que queira ficar aqui todo esse tempo, e não creia que quer. Pode se perder por aqui. 
Alora tinha uma expressão assustadora, de um sádico que brinca com as pessoas. Os olhos pareciam esbugalhados, alguns de seus fios de cabelo negro escorriam pela face e seu sorriso, parecia sentir imenso prazer naquela brincadeira.
O Primeiro (assim chamarei a pessoa que primeiro saiu do quarto) não entendia bem. E sabia o porquê: não sabia o que estava procurando. Seguiu uma curiosidade embaçada, fosca, que se relutava em mostrar um objetivo. Pensou já estar perdido.
_Oh! - Alora desviu um dos olhos para o além - parece que temos companhia - e abriu um largo sorriso sarcástico.
Primeiro ouviu passos. Quem mais poderia estar naquela escuridão, a mesma em que ele está? E lembrou de tudo que deixou para trás... e sentiu um frio na barriga...


11.25.2012

Do lado de fora - Parte II




Havia dormido bem. É claro, depois da maravilhosa noite que teve. Abriu os olhos, que rapidamente se acostumaram com a tímida claridade do lugar. Apenas uma vela iluminava o quarto, quase toda queimada. Olhou de um lado para o outro, em procura de alguém. Achou estranho, estava sozinho. O que poderia ter acontecido?
Levanta da cama, caminha pelo quarto, desviando dos filmes espalhados pelo chão. Sobre a mesa de cabeceira, um livro começa a ser folheado pelo vento. Agora se deu conta de que a janela estava aberta. Fitou a cortina balançando por um momento. Então era isso, fora deixado para trás. O porquê, não fazia ideia. 
Andou em direção ao guarda-roupa e parou em frente ao espelho. "Não, eu não vou ficar aqui sozinho". Se vestiu com uma boa roupa e escolheu um bom agasalho. Olhou mais uma vez para o quarto, um olhar entristecido. Pulou a janela.
Não enxergava nada, não havia nada para enxergar. Apenas caminhava para frente, se é que havia alguma direção. A única coisa que podia ver era o quarto pela janela, mal iluminado, ficando cada vez mais distante.
Fora deixado para trás, queria saber o motivo. Diversos pensamentos turbilhonavam em sua mente, enquanto andava pelo nada. E a cada passo caminhava para a escuridão...


11.11.2012

Do lado de fora




Já é noite e a escuridão começa a invadir meu quarto. Acendo uma vela, que custa a ficar acesa no quarto gélido, iluminando timidamente as paredes e o guarda-roupa. Na cama, há alguém... ainda está lá... imóvel, dormindo. Deixo sair um breve sorriso, lembrando de como foi bom o que fizemos. Volto minha atenção à janela. Os vidros embaçados me proíbem de enxergar além. Limpo um pedaço do vidro com uma das mãos e vejo meu reflexo. Não há nada lá fora além de breu.
Devo me concentrar no lado de dentro, no que tenho aqui. Livros descansam sobre a mesa de cabeceira, uma, duas, mais de três vezes lidos. Filmes espalhados pelo chão, outrora assistidos incansavelmente. Olho novamente para a cama, e continua lá, dormindo. Sento a seu lado, acaricio-lhe o rosto, e algo me chama a atenção na janela. Um vulto...
Aproximo-me lentamente, tentando enxergar algo, mas não há nada para ser visto. Como ver um vulto em um breu? Imaginação minha! Mas fico inquieto. A dúvida toma conta de mim. Ando de um lado para o outro, desviando dos filmes que se encontram jogados no chão. Não estou afim de pegá-los, deixo para uma outra hora.
Paro em frente ao guarda roupa, uma porta com espelho, e olho para mim. Não, eu não quero ficar. Abro a porta, escolho uma roupa capaz de me proteger do frio. Olho mais uma vez para a cama, uma respiração profunda. Abro a janela e pulo para o lado de fora. Não há nada aqui, além de escuridão. Olho para trás e vejo, pela janela, meu quarto timidamente iluminado, ficando cada vez mais distante. Sim,  eu escolhi isso. Abandonando tudo que tinha, rumo ao desconhecido...


9.22.2012

Demônios da Vida - Parte IV




O plano era simples: após o expediente, mataria Salven. Ficavam apenas ele e a irmã do garoto no bar, uma tarefa simples. E foi assim que ocorreu.
Quando entrei pela porta principal, claro, Salven disse que já estavam fechando e não iriam me atender. Caminhei até ele e quebrei seu pescoço, com uma virada rápida de sua cabeça. Foi fácil, não esperava ser morto, digamos que foi pego de surpresa, apesar de eu estar na sua frente.
Dirigi-me à cozinha, procurando a garota, e que surpresa! De um lado, ela estava sentada em cima da pia. Do outro, havia um cofre semi-aberto, com bastante moedas de ouro, um exemplar da fortuna de Salven que ele escondia. Ignorei a garota e me aproximei do cofre.
_Pare!
Virei-me. A garota continuava do mesmo jeito, a mesma posição, em cima da pia sem fazer nada. Havia uma arma apontada para mim.
_Ora garoto. Agora eu sei a origem daquelas moedas. Usou o dinheiro dele para pagar sua morte. Interessante.
_Sim. Podemos dizer que Salven pagou a própria morte - o garoto sorria, um sorriso sarcástico, devo dizer - Mas não esperava que você entrasse aqui.
_Não? E por que a arma então?
_Ora Lorder, a vida é cheia de riscos, nenhum plano é perfeito. Mas minimizar as chances do plano falhar, ah.. isso pode ser feito.
_Para um garotinho da sua idade, você entende bem das coisas. Mas apontar uma arma para um profissional como eu? Devo dizer que estaria morto antes de poder puxar o gatilho.
_Lorder... se fosse me matar, já teria o feito. Me diga, o que ainda faz aqui?
Não estava interessado nas moedas, ou na irmã do garoto, apesar de ter que admitir a beldade que era.
_O que fará agora? - perguntei.
_Sairemos da cidade - o garoto disse, abaixando a arma - Há dinheiro suficiente para uma estadia e nossos estudos. Finalmente Hellen poderá ingressar na faculdade. Conseguiremos um emprego e vamos controlar as despesas. Temos um futuro garantido agora.
_Quero lhe fazer uma proposta.
_Qual?
_Quero que trabalhe comigo. Um profissional como eu, um mente brilhante como a sua. Viajaremos o mundo com o nosso trabalho. Sua irmâ poderá ir conosco. Aposto que nunca saiu dessa cidade, imagine sair do país. O que me diz?
Os olhos do garoto brilharam, sua irmã abriu um sorriso, demonstrando alguma afeição e interessa na oferta.
_Uma proposta tentadora, bem inteligente e bem feita, não é de menos que veio de um profissional como você. Mas devo recusá-la. Não planejo isso para o meu futuro e nem para o de minha irmã. Espero que entenda.
Um momento de silêncio tomou o lugar. Eu o encarava e ele a mim, sem deixar os olhos piscarem. Abri um sorriso. 
_Escolha inteligente garoto. Garantiu um futuro promissor. Recusar uma proposta dessa mostra a sua capacidade. Tenham um excelente futuro. - caminhei em direção a saída. Antes de deixar o local, ouvi um chamado.
_Lorder! Meu nome... é Salven Jr.
Fiquei estupefato, mas não demonstrei. Admirava cada vez mais aquele garoto. Deixei o local.

Ah! Tudo acaba nesse bar, a tequila do meu copo, a água que estava bebendo e o dinheiro do meu bolso. Ouvir essa história do próprio Lorder foi uma experiência interessante, o bandido apresentava satisfação em cada palavra que saía de sua boca. 
Esse bar é cheio de histórias, poderia até contar mais uma para você, mas tenho que pensar no que fazer agora que meu dinheiro acabou. Você quer mais uma história? Bom... hehe... sente-se aqui e me pague uma bebida. Então poderemos continuar.


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9.14.2012

Demônios da Vida - Parte III




Ah, sim! Isso é bom... Uma dose gelada!
O menino trabalhava em um bar perto do qual estamos agora, como servente de limpeza. Era comum encontrar crianças trabalhando nessa cidade suja, pobre e sem lei. Diante de tal pobreza, o povo daqui tinha que fazer de tudo para poder sobreviver, e trabalho infantil foi um caminho à solução.
Também nesse bar, a irmã do garoto trabalhava como garçonete, sendo assediada por vários clientes e, até mesmo, pelo chefe. Mas ela sabia se virar. Se tinha algo semelhante ao seu irmão era a coragem. Até que a situação apertou...
_Quero que mate Salven, aquele maldito está abusando da minha irmã! - o garoto contava à Lorder.
_Mas ela passou a levar mais dinheiro para casa, não? Por que a revolta? - Lorder gostava de brincar.
_Prefiro passar fome e ter que beber a água suja do chão daquele bar a ver minha irmã desse jeito - pelo olhar do garoto, senti imensa quantidade de ódio. - Não posso matá-lo, me mataria antes que pudesse fazê-lo. Por isso dou o serviço a você. Espero que não me decepcione.
Lorder riu. Admirava o garoto. Já ouviu muitas histórias parecidas, cujo irmão ou filho tentam salvar a mãe ou irmã, tentando matar o mal-feitor. Nessa rebelião, todos da família do rebelde acabavam mortos. Mas esse garoto era inteligente, sabia que não conseguiria resolver desse modo, e o contratou para tal fim. Lorder executaria a tarefa.
_Tudo bem garoto, farei o trabalho. Mas ainda não me disse como conseguiu esse dinheiro.
_Precisa dessa história para executar a tarefa?
_Não, apenas curiosidade.
_Então essa é a hora de minha retirada.
O garoto se dirigiu à saída do bar, sem ao menos olhar para trás. Todos o acompanhavam com os olhos, intrigados com sua forte presença, até que ele saiu. Lorder agora conversava com o barman.
"Um garotinho tentando salvar a irmã que seguiu o caminha da prostituição para conseguir sustentá-lo. Uma história comum, mas o garoto tem inteligência. Uma pena ter nascido em um local como esse. Um desperdício."
O barman continuou calado. Enxugava um copo com um pano cinza e estava mais do que acostumado com histórias. Lorder pagou a bebida (ele bebia água enquanto conversava com o garoto) e saiu do bar. 
Eu fiquei, tomando o resto de tequila que havia em meu copo. O interessante desse lugar é que você não vai atrás das histórias, elas vem até você. Os criminosos gostam de contar em detalhes o que fizeram. De fato, era só esperar Lorder voltar para saber o resto da história. Enquanto isso, vou beber um pouco de água, está quente aqui, e será uma longa espera...


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9.07.2012

Demônios da vida - Parte II



Agora que terminei minha dose de tekila, contarei a vocês a história. Era um dia qualquer, de uma semana qualquer de um mês qualquer. O bar aqui é sempre o mesmo, em qualquer época. 
Mas algo interessante ocorreu. A porta do bar se abriu e um garotinho entrou e parou no meio do bar. Tinha cabelos lisos, porém crespos de sujeira, vestia mal e carregava uma pequena bolsa de couro, do tamanho de sua mão. Encarava todos ao redor e conseguiu chamar atenção, pois todos, agora, olhavam para ele.
_Quem é o maior bandido daqui? - perguntou. Apesar da firmeza em sua voz, podia-se ver também o medo. Sua respiração estava um pouco acelerada, típica de alguém que tenta esconder o medo que está sentindo.
Todos olharam ao redor, sem acreditar no que ouviram. Alguns riram, outros continuavam sérios.
_Sou eu! - disse um homem que havia saído de perto do balcão. Sorria debochadamente - O que vai fazer comigo? Me prender? - e todos riram.
_Quero contratar o maior bandido daqui. Você não parece um bandido, mas sim um palhaço fazendo todos rirem.
Tinha que admitir, o garoto tinha uma coragem nunca vista por ali antes.
_Tenha cuidado com suas palavras garoto - disse o homem em um tom ameaçador - Eu não diria isso para o maior bandido deste local...
_Está mesmo dizendo que é o maior bandido desse local? - o garoto arriscava. Sua coragem era muito superior ao seu medo, apesar de não cessá-lo. Aquelas palavras só irritaram o homem.
_Está duvidando garoto? - o homem agora falava em tom mortal.
_Prove! - essa foi a sentença final do garoto. Todos olhavam para o homem, que direcionava as mãos para a arma escondida no casaco.
Uma risada sarcástica, vinda da outra ponta do balcão, quebrou a tensão, e todos se viraram para saber o que era engraçado.
_Sendo desafiado assim, por um garoto, e ficando sério... Isso lembrarei para todo o sempre - e continuou rindo, deixando o homem incomodado - Venha garoto, qual seria o trabalho? Espero que o que tens na bolsa seja o suficiente para pagar.
O garoto olhava desconfiado para o homem, mas sentia verdade em suas palavras. Com um movimento, jogou a bolsa para o homem, que a pegou rapidamente. Analisou o que havia dentro: moedas de ouro.
_Onde conseguiu isso garoto? - perguntou ao menino, em tom desconfiado.
_Não creio que sua origem seja de relevância para o trabalho, e creio que há mais nessa bolsa do que pretendia cobrar - o menino era um gênio, tinha o dom de falar com bandidos!
_Hum... um tanto ousado falar assim com alguém como eu garoto. Aprecio isso. Me chame de Loder. E você é...
_Isso também não tem relevância para o trabalho.- disse o garoto, sentando ao lado de Loder na ponta do balcão.
_Interessante! Muita coragem a sua, devo admitir.
Loder não era um bandido qualquer. Era realmente o maior da região. Não pelo número de crimes, mas pela qualidade dos crimes. Aceitava poucos trabalhos, desses que bandidos comuns não fariam, ou se fizessem, deixariam mais rastros do que deixaria uma bomba atômica.
Loder não sabia qual tipo de trabalho estava por vir, mas aceitara o garoto. Nenhum de seus contratantes haviam falado daquela maneira com ele. Todos os respeitavam, pelos seus crimes ou pelo medo, mas o garoto teve a ousadia de desafiá-lo em voz. Ele gostou, gostara da inocência da infância e da inteligência do menino. Decidiu pegar o trabalho, seja qual fosse. Considerara algo que o garoto ganhara com tal ousadia.
_Bom, pergunto novamente: qual seria o trabalho, garoto?
O menino sorriu, feliz por ter encontrado alguém para excutar tal tarefa, e disse:
_Quero que mate uma pessoa.
Uma criança pedindo a morte de alguém? Esse menino é mesmo fascinante. Sua história deve ser bem interessante. Lorder a imaginava e os motivos. Ele era um bandido que não fazia o trabalho sujo simplesmente por fazer, mas gostava de conhecer os fatos para o destino ter convergido naquele pedido. E disse:
_Então garoto, qual a sua história?
Ah, que droga! Contando essa história para vocês, fiquei com a boca seca. Vou pedir outra dose de tekila, e então continuo...


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8.26.2012

Durante o chá




Espero aqui
Enquanto me faz de trouxa
No salão do esquecimento
do palhaço horrendo
sem graça
sem maquiagem
sem nada

Há tanto tempo aqui
e você não volta
não fala
não faz nada
e nem eu...
[e o sangue escorrendo...]

Vou fazer um chá
para acompanhar o bolo
com a cara de idiota
do idiota que faz o chá

Será que tem fila?
Eu esqueci de pegar a senha?
E fiquei aqui, isolado,
enquanto você atende outros?
[e o sangue escorrendo...]

Ah, você voltou!
Quanto tempo!
Cansou dos outros
e voltou para pegar
o que um dia deixou pra trás?

Venha, deixe eu admirar
essa beleza que não vai mais brilhar
que na verdade se extende ao chão

Tenha o que merece
Morra nas sombras
desse lugar sem sentimentos
Onde você me fez esperar
[e o sangue escorrendo...]

Enlouqueci?
Não sei te responder
E quando descobrir
Você não poderá mais ouvir
Que as plantas se alimentem
e se fortifiquem
desse seu sangue podre
e envenenado
egoísta e sarcástico
Enquanto eu bebo meu chá...


8.18.2012

O Fim




A vista aqui é maravilhosa: posso ver o mar se estender ao infinito, onde encontra com o céu. Daqui desse penhasco, essa é a minha visão. Os pássaros voam livremente no céu azul. Eu já não sou mais o mesmo, já percorri muito e tenho mais a percorrer. Pulo do penhasco...
Abro as minhas asas, cansadas da trilha que me trouxe aqui hoje, encarando a trilha que ainda devo seguir. Cambaleando no ar, consigo me ajeitar e voar sobre o mar. Passo pelos pássaros despreocupados e continuo minha jornada. É longa, cansativa, mas é minha...
Parece que há horas que estou assim, voando e voando. O sol está quente... minhas asas estão cansadas...Sinto-me como Ícaro e suas asas de cera, prestes a soltarem de si e ele ser jogado ao mar. Sinto como se fosse minha realidade...
O céu ficava cada vez mais distante, enquando eu afundava na malha oceânica. Não tenho forças para nadar, estou cansado, estou afundando... 
De repente sinto uma dor agura, como se meu braço tivesse sido arrancado. Vejo meu braço esquerdo se afastando na boca de um tubarão, deixando um rastro vermelho se dissolvendo na água....
Nem sei mais o que sou, só sei que estou cansado, só sei que quero descansar. Cheguei ao fundo do oceando. O que restou do meu corpo ficou sobre a areia molhada. Não me movimentava, so ficava ali, parado, descansando...
Aos poucos meu corpo foi submerso pela areia. Agora ninguém mais me encontraria, e eu poderia ter o meu tão desejado descanso...


7.06.2012

Espiritualidade



É difícil pensar em espiritualidade sem falar sobre religião (ou a falta dela), até porque uma influencia a outra.
Acho que uma definição de espiritualidade hoje seria "felicidade". Sim, muitos são aqueles que mudam de religião, agregam ou se desconectam de uma porque não estavam felizes nela. Mas não creio que seja somente isso.
Muitos seguem um caminho para a ascensão de seu espírito aos céus, por assim dizer. Essa espiritualidade talvez seja melhor definida por "sentir bem consigo mesmo", fazendo o que acha que é certo sem alguma culpa. Em todos os sentidos...
Eu poderia ficar falando de definições e definições, mas vou mudar o rumo. Vou falar um pouco do que penso:
Acho que a religião influencia altamente a espiritualidade de uma pessoa, tanto que essa pessoa busca salvação para ascender seu espírito aos céus. Àqueles que acreditam na não religião, fazem essa busca por meios e dogmas próprios. Posso dizer que sou uma mistura dos dois. Não que eu não acredite, sou católico e acredito nos ensinamentos da Bíblia, mas parei de acreditar na Igreja. Sim, gosto de compará-la com o sistema político do país. Acho que a religião ficou de lado para algo maior, algo político. Por exemplo, são tantas propagandas da igreja: 'compre objetos', 'doe para a fundação' e muito mais. Vi uma propaganda na qual se vendia alguns bonecos que representavam alguns personagens da Bíblia, incluindo Jesus, e se ouvia "Se você não tem Jesus em sua casa, compre e leve-o para ela". Para mim é um desrespeito o que fazem a esse nome, mas o que quero mostrar é que foi feito pela Igreja. Outro exemplo é a constante cobrança de doações, mas não vejo ninguém se oferecendo a ajudar o próximo quando esse está com dificuldade. Hipocrisia...O que eles estão seguindo então? Tratam como se a religião fosse um meio de capitalização. Há tantas fraudes e mentiras, tantos ensinamentos que nos são passados e que não são seguidos por nossos próprios 'mentores'. Me perco tentando analisar se a religião hoje virou apenas uma tradição. Vejo muitos dizerem que seguem uma religião x, mas não são praticantes, não participam, não acreditam. WTF??? Para que seguem então?
Talvez meu foco não seja mesmo na espiritualidade, mas sim nas pessoas. Está ficando cada vez mais difícil acreditar nas pessoas, não digo em apenas palavras ou frases, mas nas pessoas em si. Acho que, na verdade, aumenta a crença de não crença nas pessoas. Sim, eu perdi a fé nas pessoas. Acredito que cada um tenha uma verdade, mas, em meio a tantas faces e mudanças do mundo atual, acho que nem as próprias pessoas têm conhecimento dela. E sem esse conhecimento, o que elas se tornam? Marionetes de alguns ou seguem o fluxo da sociedade. E como fica o espírito dessa pessoa? Eu não sei responder essa pergunta.
Aliás, ascendemos nosso espírito quando interagimos com outras pessoas, sozinhos não somos nada. Então acho que não fugi do foco: como não falar de espiritualidade sem falar das pessoas?

Essa foi minha participação na Blogagem Coletiva. Muitos são os participantes, e garanto, com textos de qualidade. A lista dos participantes (leiam e comentem!!!) pode ser encontrada AQUI.

6.26.2012

Vermes



Hoje é o momento de reflexão. Sim, querido leitor, vamos pensar um pouco (coisa que você não deve fazer muito, não é?). Bom, lhe faço essa pergunta: se você tivesse poderes especiais, usaria para o bem ou para o mal? Talvez, você diga para o mal, prejudicar pessoas, desejos insanos... talvez diga para o bem... para o bem? Vai salvar pessoas? E como você faria isso? Pois é, pense bem. Pense muito bem...
Assaltos, assassinatos... pessoas brincando com a vida de outras. Só há um jeito de parar isso... acho que você já me entendeu. Sim, essas pessoas brincam com as vidas de outras, como se decidissem quem vive e sob quais condições. Repugnantes, vermes!
Executá-las, isso pararia suas ações. Mas.. isso não seria fazer o mal, brincar com a vida deles?
E por que isso seria um mal? Sim, não se pode fazer o bem sem um pouco de maldade. Aliás, se eles gostam de brincar de Deuses, por que nós não? Digamos, você salvaria uma criança vítima ou a alma do verme? Podemos brincar e eliminar essa corja do mundo. Assim até que soa agradável. Dessa forma, seríamos dignos da definição de heróis. "Para salvar uma pessoa, outra precisa morrer". Característica básica de um herói na nossa realidade, não acha?
E, para terminar essa reflexão, deixo-te outra, para pensar bem:



"Se começar a olhar ao seu redor... tudo o que verá são pessoas, as quais o mundo seria melhor sem" - Death Note

6.09.2012

Fluxo


Outra tarde de outono, como todas as outras. De férias em uma casa no campo (você que está lendo definitivamente não precisa saber onde), ando vagarosamente pelos caminhos de terra cobertos de folhas. A tarde estava terminando e o vento começava a soprar, fazendo as folhas secas no chão farfalharem. Não queria voltar ainda, continuei meu passeio, me aproximando do rio que havia por perto. Parado, de pé, fixei meu olhar nas correntezas da água. Tantos obstáculos e desníveis faziam da superfície cristalina um manto desregularizado. O vento ficava cada vez mais forte, fazendo meu sobretudo dançar sua sinfonia. 
Levada pelo vendo, uma folha cai no rio e começa a ser carregada pela correnteza. Meus olhos acompanham-na. Coitada, bate em uma pedra aqui, na margem ali e continua sendo carregada pela correnteza. Até que fica presa em um montinho de mato na lateral do rio. E ali fica...
Outras folhas passam por ela, desviando meu olhar. Elas continuam pelas correntes aquáticas, sabe-se lá até onde... sabe-se lá qual será seus paradeiros... 
Mas uma coisa é certa: "O rio corre para o mar..."

5.13.2012

Mother's Love S2




Obviamente pedi ao motorista para ir o mais rápido possível, o que ele fez. Chegamos à escola. Claro que paguei o táxi, não a deixaria dar um centavo pela sua jornada.
"Gostaria de entrar também, senhor?", ela me convidou. Não sei o porquê, mas fui. Chegamos lá, o auditório estava fechado. O segurança nos disse que ninguém mais poderia entrar, para não atrapalhar o espetáculo. A mulher insistiu, mas ele não cedeu. Vi que não iríamos a lugar algum desse jeito, e decidi sair. Contornei o corredor e vi uma porta para o camarim. E o melhor... não estava trancada.
Voltei, a Sra. Lubzer se desfazia e nada. Parecia derrotada quando desistiu. Agarrei-a pelo braço e disse: "Então vamos".
"Não acredito! Ele vai ficar tão triste!"
"Pelo quê? Venha"
Mostrei a porta para ela e entramos no camarim. Estava tudo tão agitado que ninguém notou nossa presença. Ninguém... a não ser um menino baixo, de uns 8 anos, cabelos negros e olhos que nos fitavam. Um sorriso imenso no rosto.
"Você veio mãe!!!", seu sorriso era enorme.
"Claro meu filho", e ela chorava, com imenso sorriso também, "Agora se prepara que eu vou para a platéia te ver!"
"Tá!"
Saímos pela lateral e achamos dois lugares. Sentamos.
A peça começou e, a cada cena, ela levava as mãos no rosto, os olhos cheios de felicidade e o sorriso, não dava para explicar o sorriso. E dizia coisas como: "ele não está lindo?", "adorei ele falando isso", "está atuando tão bem".
Aquele emoção me comoveu. Justo eu, que me poupo das emoções desse mundo imundo, fui fisgado pela simples emoção daquela mulher. Mas não era uma emoção qualquer, agora sei muito bem o porquê de ela me intrigar. É emoção de mãe, e não há maior emoção que essa. Não há como explicar a felicidade dela ao ver seu filho no palco, logo ela que lutou tanto por ele, Deus sabe o que passou para isso. E todo retorno está ali, em ver seu filho atuando, fazendo ela transbordar de felicidade.
Isso é amor de mãe, e simplesmente não há igual.
Quando me vi, estava sorrindo também. Não aguentei... me vi chorando, e lembrando de tudo que a minha havia feito por mim. Apesar de já não estar mais comigo, senti uma enorme felicidade em ver aquela mulher. Olhei para o rosto dela e pensei:
“Feliz dia das mães, mamãe!”


5.12.2012

Mother's Love




Mais um dia, acabou meu horário de trabalho. Estava lá eu saindo pela entrada principal e, suspirando, esperando por um táxi. O motivo do meu suspiro foi pelo simples fato de que nesse horário é quase impossível conseguir um táxi. Mas sou paciente, e espero pelo veículo observando as pessoas ao meu lado. Não que elas sejam interessantes, mas servem de distração por algum momento.
Mas, por incrível que pareça, uma me chamou a atenção. Uma mulher de cabelos negros, baixa, vestida casualmente, tinha estampado no rosto um sorriso. Não um sorriso de quem viu algo engraçado, mas um sorriso de emoção, de felicidade. Até aí tudo bem, mas o que me intrigou foi o fato de lágrimas escorrerem pelo seu rosto. Meio paradoxo não?
Enfim, o táxi chegou. Caminhei em direção a ele e abria a porta do veículo. Não havia percebido, mas ao meu lado estava a mulher que acabei de descrever. Ela olhou para mim...
"Oh! O senhor deve estar com pressa, não? E chegou primeiro não é mesmo?", sorriu educadamente, mas pude ver as lágrimas escorrendo do seu rosto, "Eu.. eu vou esperar o próximo. Me desculpe", e virou as costas.
Não sou do tipo de ficar com pena das pessoas, mas ao ver aquilo senti uma dor no peito, igual àquelas em que a mocinha do filme que você deseja tanto que tenha um final feliz morre. Não, pior... não era um filme.. era real.
"Com licença... para onde vai?", perguntei.
"Oh senhor, vou para a escola de artes à oeste da cidade."
"Vou em direção ao oeste. Quer dividir o táxi?", vi seus olhos brilharem.
"Não será incômodo senhor? Oh, obrigado, aceitarei o convite então".
Sentamo-nos no banco traseiro e dei as direções ao motorista. Olhei para a mulher, estava sorrindo novamente, um sorriso sincero que me comovia, mas não parava de apertar as mãos...
"Está com pressa? Senhora..."
"Lubzer. Veronica Lubzer. Sim, estou um pouco com pressa. Verdadeiramente apressada se me permite dizer."
"Ãh... Pils, Matt Pils. Mas por que a pressa? Algum encontro familiar marcado? Aliás, hoje é um dia especial, mas o atraso pelo tráfico é normal, tenho certeza de que entenderão".
"Oh senhor, entenderiam sim. Mas para onde vou não posso atrasar. E meu atraso pode causar decepção para o que me espera, e por isso causará infelicidade para mim..."
"Hum... não precisa responder, se não quiser. Mas pela minha curiosidade pergunto: qual seria tal ocasião?"

"Meu filho, Sr. Pils. Estou indo encontrar meu filho. Há dois meses ele e a turma dele estão ensaiando para uma apresentação para este dia. Para homenagear as mães. Fiquei tão feliz em saber disso, ver meu filho atuando.", seu rosto parecia se iluminar, "Mas tive que trabalhar hoje. Avisei-o que talvez não chegasse a tempo. Pude ver no seu rosto a tristeza com que ficou, mas não falou nada e disse que compreendia. Meu mundo ficou negro vendo aquele rostinho daquele jeito. Tentei sair mais cedo do serviço mas não consegui. Agora acho mesmo que não vou chegar a tempo...", as lágrimas voltaram a escorrer, mas não havia sorriso dessa vez. 

A continuação será postada domingo à tarde XD



5.02.2012

Trabalho Google Forms


Fiquei pedindo para me ajudarem em uma pesquisa e responderem um questionário para um trabalho da faculdade, não foi? (sei que foi chato, mas precisei né?). E agradeço MUITO àqueles que me ajudaram.

Então decidi dar um retorno do trabalho para vocês (acho que estava devendo isso), assim saberão o que eu faço com os dados que obtive.

Dados obtidos na pesquisa:

Primeiramente foram mapeados todos os dados e plotados em um mapa:




Vemos que os respondentes não estão somente no Brasil, e também outros países, como o México, Estados Unidos e Chile!!!

A partir das perguntas “Qual sua faixa etária?”, “Você tem conta no gmail?” e “Quais redes sociais você possui?”, foram construídos os seguintes gráficos:



Não tivemos ninguém abaixo de 16 anos e a predominância é de pessoas de 21 a 35 anos.




Mais de 70% dos respondentes possuem conta no gmail (domínio google!! Hahaha, confesso que eu também tenho).



Como imaginado, das três redes sociais em questão, o facebook é o mais utilizado (vale ressaltar que 100% dos respondentes utilizam essa rede social), seguido pelo twitter e orkut.



Esse gráfico foi feito para analisar a quantidade de respondentes que possuem somente uma, duas ou as três redes sociais apresentadas. Ninguém utiliza somente orkut ou somente twitter.
Vemos que a maioria usa twitter e facebook (o orkut foi deixado de lado mesmo, não acham? Hehe).

E por último (e o que eu acho mais legal), um gráfico de nuvem de palavras para o campo de "Ocupação". Para quem não sabe, em um gráfico de nuvem de palavras, as palavras são plotadas, e as de maior freqüência possuem tamanho maior.

Pois é, os estudantes estão dominando o mundo!!!! Eu sou um deles, então... MUAHAHAHAHAHA

Esses são, basicamente, os resultados que utilizo para fazer o trabalho. Ainda preciso de mais dados, então quem quiser me ajudar e responder o questionário, o link é esse: QUESTIONÁRIO

Agradeço mais uma vez os que já responderam, pois pude fazer esse trabalho com a ajuda deles. XD

4.05.2012

Três anos de espetáculo

Estava acabando de se arrumar, já havia tomado banho, trocado de roupa, passado perfume. Faltava apenas o relógio, que insistia em procurar na mente alguma lembrança de onde o havia guardado. Enquando procurava, pensava em como seria pois muitos haviam lhe falado que era muito bom. Estava a caminho do teatro.
Encontrou o relógio sobre o travesseiro. Sem tempo para se perguntar o porquê de tê-lo deixado lá, colocou-o no pulso e saiu de casa. A noite estava ótima e o céu, estrelado. Chamou por um táxi.
"Ao teatro principal", disse ao motorista. Olhava pela janela, as luzes da cidade passavam rapidamente por ele. Provavelmente acabou se entretendo com isso, pois antes que percebesse o carro já estava em frente ao teatro. Pagou o motorista e desceu.
Pegou o ingresso no bolso de sua camisa polo, dirigiu-se a portaria e entrou. Estava ansioso. Não havia muitos lugares disponíveis, mas, por sorte, havia um perto do palco, onde poderia ver claramente o espetáculo. Sentou.
Comaçaram a abrir as cortinas, e então ele viu:



Mas por que diabos um três com uma cartola e uma bengala estavam fazendo no palco? Simples, não era um espetáculo comum. E o três começou a falar (bizarro não?). Falava de muitas coisas, de muitos modos, contava contos e recitava poemas, contava poemas e recitava contos. E a cada frase, verso e conto, o público aplaudia. Mas o melhor havia deixado para o final. Poderia dizer que foi algo como mágica, e o três recitante se transformou.
Muito levaram a mão na boca, outros não conseguiam olhar, mas todos comentavam. Sim, era um aniversário. Um aniversário de três anos de existência. Mas não achou que teria uma velinha no bolo bonitinho que mamãe mandou fazer não é? Esse é o resultado, ver seus olhos abertos, com aquela expressão que amo causar: quero vê-los perplexos.




Ps: O Perplexed Life fez três anos no dia 03.
Ps2: Eu fiz os desenhos \o/
Ps3: Agradeço a todos que visitam, que lêem, a todos os meus amigos blogueiros, aos velhos e aos novos, em especial: Joyce Figueiró (Ser essência [e] muito mais... ), Dielma Giangiulio (Alguém me ouviu?), Victor Von Serran (As Crônicas De Von Serran) e Gabriel Pozzi (Song Sweet Song), amigos de longa data.
Ps2 (reforço): Foi eu mesmo que fiz os desenhos tá?!
Ps4: E que venham mais 60 (vou ficar velhinho e vou continuar blogando!).
Ps5: Um agradecimento especial ao Blogosfera em Rede!

3.18.2012

No light



A luz se inclina
A escuridão se defende
O vermelho se espalha
O azul se esconde

A ferida se abre
A cura não existe
A última luz vaza
Como uma lágrima

O último olhar
O último sorriso
A última lágrima
O último suspiro

Com passado
Com presente
Sem futuro
A história acaba

3.10.2012

Aparências



Um doce de menina
Uma filha querida
Inteligente e educada
Um anjo

Ajuda o pai no trabalho
Ajuda a mãe na casa
Ama os animais
Um anjo

Matou a cahorrada
Deu cicuta à mãe querida
Serrou o pai em seu trabalho
De anjo à enlouquecida

Fugiu para longe
Com as economias
Foi para um lugar distante
Foi se tornar rainha

Numa terra mágica
Onde seu poder era infinito
E chamava para a morte
Aquele que desse um grito

1.30.2012

...Sorte...




Aqui estamos, novamente. Você gosta das minhas histórias, não gosta? Bom, imagine você, eu estava andando na rua quando vi uma moeda no chão. Uma moeda de cinqüenta centavos. Melhor do que nada, e isso é um sinal de sorte, não acha? Achar dinheiro é sempre um sinal de sorte!
Peguei a moeda, claro, e decidi entrar em uma cafeteria. Comprei um chocolate quente pequeno, adoro o desse lugar. Eles colocam um pedaço de chocolate no elite quente para fazer o chocolate quente. É tão cremoso e saboroso! Quando peguei minha bebida, vi que não havia nenhuma mesa vazia. Dei uma outra olhada e vi uma mesa sendo ocupada por apenas uma garota. Bem, eu fui para lá.
“Com licença, posso me sentar?”
“Por quê?”- ela perguntou. Pensei um pouco; não esperava tal resposta.
“Porque as outras mesas não estão disponíveis”
“Mas há lugares disponíveis em outras mesas, por que esta?”
“Porque você é a única ocupando esta e provavelmente vai embora logo”- e me sentei.
“E por que você acha que logo vou sair?”
“Você gostou de mim?”
“Não”
“Aí está sua resposta”
Ela sorriu, e eu comecei a beber meu chocolate quente. Estava tão delicioso que quase esqueci que ela estava lá. Percebi que ela estava olhando para mim por um momento...
“Ok, ou você gosta de mim, ou você quer minha bebida. Qual está correta?”
“Ambas” – ela disse, tomando minha bebida de mim – “Isso é muito bom, gostei”.
“Percebi, você está bebendo todo meu chocolate quente...”
“Oh, só porque é realmente bom” – e ela bebeu tudo – “Ótimo sabor... bom, estou indo agora e você pode aproveitar a mesa sozinho”.
“Owa! Esse jogo não acabou. Você ganhou minha bebida... e o que eu ganho?”
“A mesa, era o que você queria”.
“Ficarei satisfeito se puder levar a mesa para minha casa. Se não, eu mereço alguma coisa real...”
“Bom, eu posso pagar outra bebida para você... ou podemos caminhar. O que acha?”
“Eu acho que deveríamos andar até a avenida das Cinzas, virar a esquerda e descer pela rua Nancy até a placa ‘Quero fazer sexo com você’... ou seja, minha casa”
“Isso não vai acontecer”
“Então me pague outra bebida”
Ela ficou olhando para mim por um estante (ela é mestre nisso) e deixou o lugar. Vadia! Não me deu outra bebida. Levantei, peguei outro chocolate quente e quando estava voltando para a mesa, um grupo de rapazes havia a ocupado. 
Que sorte....