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5.12.2012

Mother's Love




Mais um dia, acabou meu horário de trabalho. Estava lá eu saindo pela entrada principal e, suspirando, esperando por um táxi. O motivo do meu suspiro foi pelo simples fato de que nesse horário é quase impossível conseguir um táxi. Mas sou paciente, e espero pelo veículo observando as pessoas ao meu lado. Não que elas sejam interessantes, mas servem de distração por algum momento.
Mas, por incrível que pareça, uma me chamou a atenção. Uma mulher de cabelos negros, baixa, vestida casualmente, tinha estampado no rosto um sorriso. Não um sorriso de quem viu algo engraçado, mas um sorriso de emoção, de felicidade. Até aí tudo bem, mas o que me intrigou foi o fato de lágrimas escorrerem pelo seu rosto. Meio paradoxo não?
Enfim, o táxi chegou. Caminhei em direção a ele e abria a porta do veículo. Não havia percebido, mas ao meu lado estava a mulher que acabei de descrever. Ela olhou para mim...
"Oh! O senhor deve estar com pressa, não? E chegou primeiro não é mesmo?", sorriu educadamente, mas pude ver as lágrimas escorrendo do seu rosto, "Eu.. eu vou esperar o próximo. Me desculpe", e virou as costas.
Não sou do tipo de ficar com pena das pessoas, mas ao ver aquilo senti uma dor no peito, igual àquelas em que a mocinha do filme que você deseja tanto que tenha um final feliz morre. Não, pior... não era um filme.. era real.
"Com licença... para onde vai?", perguntei.
"Oh senhor, vou para a escola de artes à oeste da cidade."
"Vou em direção ao oeste. Quer dividir o táxi?", vi seus olhos brilharem.
"Não será incômodo senhor? Oh, obrigado, aceitarei o convite então".
Sentamo-nos no banco traseiro e dei as direções ao motorista. Olhei para a mulher, estava sorrindo novamente, um sorriso sincero que me comovia, mas não parava de apertar as mãos...
"Está com pressa? Senhora..."
"Lubzer. Veronica Lubzer. Sim, estou um pouco com pressa. Verdadeiramente apressada se me permite dizer."
"Ãh... Pils, Matt Pils. Mas por que a pressa? Algum encontro familiar marcado? Aliás, hoje é um dia especial, mas o atraso pelo tráfico é normal, tenho certeza de que entenderão".
"Oh senhor, entenderiam sim. Mas para onde vou não posso atrasar. E meu atraso pode causar decepção para o que me espera, e por isso causará infelicidade para mim..."
"Hum... não precisa responder, se não quiser. Mas pela minha curiosidade pergunto: qual seria tal ocasião?"

"Meu filho, Sr. Pils. Estou indo encontrar meu filho. Há dois meses ele e a turma dele estão ensaiando para uma apresentação para este dia. Para homenagear as mães. Fiquei tão feliz em saber disso, ver meu filho atuando.", seu rosto parecia se iluminar, "Mas tive que trabalhar hoje. Avisei-o que talvez não chegasse a tempo. Pude ver no seu rosto a tristeza com que ficou, mas não falou nada e disse que compreendia. Meu mundo ficou negro vendo aquele rostinho daquele jeito. Tentei sair mais cedo do serviço mas não consegui. Agora acho mesmo que não vou chegar a tempo...", as lágrimas voltaram a escorrer, mas não havia sorriso dessa vez. 

A continuação será postada domingo à tarde XD



2 comentários:

  1. Percebi que, assim como aconteceu com o parceiro André Mansin, somos parceiros invisíveis. É um termo que inventamos para parceiros que lêem, acompanham e até comentam um no blogue do outro, mas não seguem. rs.
    Estou gostando do conto. Realmente há mães que são relapsas nestas apresentações que filhos fazem, nem precisa ser algo artístico, uma apresentação em uma festa junina, um teatro no colégio, contudo, há sim as que querem fazer parte de cada coisa a qual o filho participa, não importa que evento seja e é muito legal. Lembro de uma postagem da parceira Tsu em que ela tirou foto com a mãe no show do Morrisey.
    Parabéns pelo post, isto de criar expectativa de continuação aos leitores é muito show.

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  2. Ola Douglas,
    Realmente o fato que descreveu fez-me lembrar daqueles filmes clássicos em preto-e-branco, onde o mocinho galante cerca de gentilezas a mocinha, e o primeiro encontro sempre se dá no banco romântico de um taxi.
    adoro quando posso visualizar toda cena em minha mente, isso demonstra que a história é leve e boa de ler!

    Abraços, Flávio.
    --> Blog Telinha Crítica <--

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