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1.25.2014

A espera



Fico aqui, observando o rio, vendo os peixes passearem pela correnteza, nadando para lá e para cá. O tempo está favorável, o clima está quente, excelente para nadar, o céu está lindo, pássaros sobrevoam as árvores. Venta um pouco, uma brisa, na verdade, de leve, balançando as folhas para lá e para cá. E eu aqui, admirando este belo cenário, esperando... mas não chega, a pessoa não chega. 
Meu coração se aflige com a demora, e começo a achar que nunca vai chegar. Por essa pessoa, eu esperaria a vida inteira, não, toda a eternidade, só para me encontrar. É a correspondência do meu amor. Mas por que não chega? Por que começo a duvidar?
Começo a ficar impaciente com os peixes e com os pássaros, todos juntos e eu esperando. Olho para céu, batendo meus pés descalços na água. Que sensação boa, reconfortante e refrescante! Fecho os olhos e acabo adormecendo com o som de fundo da natureza. 
Acordo assustado, olhando para os lados e limpando a baba dos beiços. Olho para um lado e para o outro e percebo que continuo a esperar pela chegada. Mas nunca chega...
É, nunca chega! E eu cansei de esperar. Calcei meus sapatos, levantei e comecei a caminhar pela beira do rio, seguindo seu fluxo. Ri de mim mesmo.
Peguei minhas coisas e fui para casa, tenho muitas coisas à fazer. Me amar é uma delas. Em vez de ficar esperando... esperando... esperando o que mesmo?

"Sabe, a correnteza leva tudo que está com ela. Não espera coisa alguma, nem ninguém. Faz por si só, sempre presente e sempre em alguma direção. Você é feito de 70% de água, por que fica parado então?"

6 comentários:

  1. Olá, Mateus
    gostando de ver suas letras mais "poética"...
    sim,é verdade, amar a si mesmo, em primeiro lugar... assim, os caminhos vão se descortinando à frente, à medida da certeza de que podemos abri-los. Certeza rima com autoconfiança, que por sua vez combina com segurança e amor próprio. E pronto. Deixamos de acreditar que apenas o desejo interior é o suficiente para nos libertar da jornada à espera de alguém e encerrar os conceitos de que não precisamos fazer nada...o bom é que , inesperadamente, alguém /amor pode vir e derrubar todo conceito, que temos, pois, dizem que o verdadeiro (amor/pessoa) é aquele que tudo espera e tudo crê e compensa toda a espera e na verdade, “de onde a gente não espera nada é que não vem nada mesmo”a.d
    agradeço, obrigado,bom domingo,abraços!

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  2. Douglas, tudo bem?
    Demorei para vir, porque estou em viagem, no sentido literal :) e minha conexão está péssima, espero que dê certo o comentário... e que não caia a internet...

    Texto bem escrito, como é de costume teu!
    A impressão que tive é da interação com a natureza, um tipo de silêncio e auto-conhecimento tão necessário. Momento em que decidimos, ainda que seja uma decisão sutil, de nos recompormos e sermos independentes de coisas, ou pessoas, que nos prendem, nos deixam em claustro.

    Beijos e ótimos dias!

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  3. E a gente fica velho esperando. Não é melhor só deixar pra lá e vivermos nossas vidas despreocupados?

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  4. Olá, Mateus
    Sumido, Tudo bem? Comigo,tudo na paz!
    Obrigado pela visita, belos dias, abração...

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  5. Nossa! O Felisberto fez um tratado... O que me sobra para dizer?! ... :)
    Douglas, uma prosa poética muito bonita e bem escrita! Gostei!
    Fiquei na dúvida sobre a autoria do pensamento no final, é tua?
    Penso que o ser humano se adapta sempre, mesmo que isso demore ou seja muito difícil, mas até mesmo uma 'espera' como essa... pode se transformar em esquecimento.

    Beijos e parabéns pela prosa!!!

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    1. Obrigado pelo carinho! E sim, o pensamento no final é meu =)

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